quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MEGACINE ****

Blue Jasmine é a comédia romântica mais dramática de Woody Allen

Cate Blanchett impressiona em sua atuação
 

   Woody Allen que já andava há certo tempo sem gravar um filme utilizando os Estados Unidos como plano de fundo desde 2009 como em "Tudo pode dar certo", rodando três longas pela Europa com os filmes - "Você vai conhecer o homem dos seus sonhos” (2010), "Meia-noite em Paris" (2011) e "Com amor para Roma" (2012); não mediu esforços em criatividade, repetindo o modelo de quase todos os filmes, seguidos pelas corriqueiras introduções charmosas de Jazz, música francesa ou músicas da década de 20.
Blue Jasmine pisa literalmente no calo americano fazendo referências à crise pelo quais muitos ricos e milionários passaram nos últimos dois anos anteriores, anunciando um retorno triunfal aos Estados Unidos, regado com desejos de "boas vindas" de forma irônica pelo simpático autor e diretor Woody Allen.

Jasmine Francis (Cate Blanchett) é uma "dondoca" casada com o multimilionário Hal Francis (Alec Baldwin - terceira atuação em um filme de W.Allen), acostumada com os prazeres que o dinheiro consegue pagar, se encontra em uma situação bastante constrangedora ao descobrir as diversas traições do marido e a decisão do mesmo por um divórcio amigável. Desnorteada, Janette, que havia mudado o nome para "Jasmine" acaba tendo como único abrigo a casa modesta da irmã Ginger(Sally Hawkins), em São Francisco. As duas foram adotadas na infância, mas Ginger acabou fugindo após a adoção, Jasmine seguiu por outro caminho chegando à idade adulta casada com o "Rei dos Negócios" de Nova York, e mãe de um típico estudante de Harvard, descobre que o esposo faz transações ilegais com o dinheiro de outros investidores e que tem um caso com uma "au pair" francesa de 20, arruinando publicamente o seu casamento. Diante da possibilidade de ser trocada por uma mulher mais nova e ter de abrir mão de todo o luxo proporcionado por Hal, a protagonista é acometida por um surto histérico que mudaria o destino de toda sua família.

 Jasmine recorre à irmã, separada de um "tipão" nada adequado aos parâmetros da alta sociedade de Park Avenue , mora com os dois filhos deste primeiro casamento, trabalha como caixa de supermercado e namora um mecânico grosseiro, alcoólatra e sem a menor etiqueta aos bons modos com os quais a protagonista era habituada, ressaltando que desejava algo melhor para a irmã postiça. A duas são de fato de mundos completamente diferentes, mesmo após Ginger ter sido uma das vítimas do ex-marido golpista de Jasmine, quando ganhou $ 200.000 na loteria juntamente com "Augie" seu primeiro esposo, não fez objeções para receber de forma acolhedora a irmã que havia se distanciado bastante ocupada com suas aulas de Pilates, Ioga, viagens à Europa e eventos sociais, mas que agora busca por um emprego subalterno, que jamais imaginaria se submeter.



Jasmine havia largado a faculdade um ano antes de concluir o curso de Antropologia para se dedicar à família, esquecia todos os problemas quando ganhava joias extravagantes de seu marido em momentos inesperados, entra agora em um dilema constante por não saber que rumo tomar para se enquadrar novamente à antiga realidade em que vivia, já que o escândalo da separação lhe custou todos os seus bens materiais, não restando nada na sua conta bancária. Consegue um emprego de secretária em consultório odontológico para pagar o curso de informática com a finalidade de ganhar um certificado de designer de interiores para que assim pudesse ganhar a vida de forma honesta e bem remunerada se esbanjando do seu dom natural pelo bom gosto, saindo do quadro de pobreza em que se encontrava.  Jasmine Francis tem que superar diversas situações constrangedoras como o assedio sexual do patrão.

Viciada em remédios e em Vodka com Martini acompanhado de uma rodela de limão, Jasmine entra em um verdadeiro colapso nervoso quando percebe que perdeu sua única oportunidade de retornar ao mundo pomposo em que vivia quando conhece um diplomata viúvo que tinha planos de atuar na política e de um casamento regado a vinho jovem com bolo de chocolate em Viena. A atriz Cate Blanchett exibe através de uma interpretação louvável, diversas nuances de superação e desespero de uma “ex-rica” repleta de conflitos internos, com todas as suas expressões cômicas e uma densa camada de melancolia perturbadora. A personagem principal faz várias citações de trechos de sua música predileta, Blue Moon, dando o título ao filme.

Como várias obras cinematográficas de Allen, o filme se desconecta da sequência cronológica, intercalando momentos de "riqueza e pobreza" através de montagens bem elaboradas e um enredo muito bem amarrado, prendendo a atenção do espectador que leva à plena compreensão dos fatos do passado e do presente, apesar do final cíclico e subjetivo.

Por: Carlos Augusto Rocha




Fonte:

"JORNAL MEGA EXTRAORDINÁRIO"


CADERNO DE ARTE E CULTURA: "MEGACULT"

Jornalismo FIC 2013.2 - Noite

Impresso:



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