terça-feira, 3 de julho de 2012

Comida de Pobre, comida gostosa.



Comida de Pobre? Não ! Comida de gente que dá duro o dia inteiro no trabalho pra ganhar um mísero salário no final do mês e que se vira pra se alimentar. Dentre esses pratos tão repugnados pela alta sociedade, podemos encontrar a sustância que mantém esses heróis do dia à dia em pé. Como já dizia o ditado: "Saco vazio não para em pé!".

Muita gente recrimina certos pratos por julgarem alimento de gente carente, mas que em dias corridos acaba por se deliciar com esses manjares que não são dos Deuses, mas que mata fome de muita gente. Quem nunca comeu um Baião de Dois com ovo frito na margarina? Quem nunca comeu Arroz com ovo? Quem nunca comeu pão com mortadela frita no óleo de soja? Quem nunca comeu fubá torrado com açúcar? Então, dependendo da região do leitor que ler esse texto, pelo menos um dos exemplos eu tenho certeza de que já experimentou. Logo lhes faço um questionamento... Se você estivesse com fome, preferiria uma barqueta de abobrinha com caviar ou um prato majestoso de omelete com queijo e presunto? Acredito que muita gente em sã consciência escolheria a segunda opção.

As pessoas sem condições não tem condições mesmo pra elaborar belos pratos com uma apresentação colorida ou técnicas da culinária avançada, não lhes faltam criatividade, visto que os mesmos fazem o maior rebuliço pra arranjar dinheiro e desse dinheiro tentar alimentar os filhos e ir dormir com fome. Farinha nunca foi sinônimo de pobreza, na antiguidade era rico quem possuía sacadas de farinha, não precisa ir tão longe na história, vejam os fazendeiros da era colonial brasileira que exibiam saquinhos transparentes como pingentes, cheios de farinha ou açúcar.

A sociedade determina que pratos com muita etnicidade são sinônimos de miséria, por aproveitar restos e transformar em refeições sustanciosas, excluindo qualquer possibilidade de encarar isso como técnica avançada da culinária, justificando que seria mais elaborado alimentar um caracol por duas semanas com ervas finas e depois jogá-lo numa panela de água quente, denominando isso como escargot. Na mais pura necessidade humana recorremos à insetos e plantas que jamais comeríamos, inserindo tal costume na cultura local durante várias gerações, como no caso dos vietnamitas que possuem gostos apurados para petiscos nada convencionais como escorpiões, rãs e besouros. Mas visando a nossa situação socieconômica do Brasil, podemos mesmo recriminar pratos julgando-os terríveis por serem consumidos pela baixa casta da sociedade contemporânea se baseando por indicadores mundiais da alta gastronomia, sem que antes tenhamos respaldo para isso, já que somos "alvos" de tais hábitos cotidianamente, cansados flagrar a nós mesmos enfiados num prato de feijoada com farinha de mandioca?

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